Ah, jogos gratuitos — um dos grandes luxos da era digital. Nada é melhor do que ver dezenas de jogos grátis enquanto você rola pela sua loja de aplicativos. As possibilidades parecem infinitas.
Você encontra um aplicativo que chama sua atenção e o instala. Depois de algumas horas jogando, você começa a se apegar. Do nada, aparece uma notificação dizendo que você excedeu seus créditos diários. Para continuar jogando, você precisa pagar R$4,99. Não é muito, e você está no clima do jogo. Então, por que não, certo?
Microtransações em videogames podem parecer triviais, mas não são tão inofensivas quanto você imagina. As empresas de jogos projetam seus games para que você fique viciado. À medida que mais pessoas sofrem com transtornos relacionados ao vício em jogos, vidas são destruídas, e isso definitivamente não é ético.
Neste artigo, vou mergulhar no universo das microtransações em videogames. Mas antes de entrarmos nesse assunto, vamos responder à pergunta mais básica — o que são microtransações?
O Que São Microtransações?
Microtransações são pequenas transações financeiras feitas online ou em aplicativos. Elas são um recurso-chave em jogos gratuitos ou aplicativos móveis “freemium”.
Compras dentro dos jogos são a principal fonte de receita para os gigantes da indústria de games atualmente. Enquanto algumas estimativas apontam que as microtransações representam 30% da receita dos jogos, outras sugerem que esse número chega a 77%.
Os aplicativos de jogos ganham dinheiro de três maneiras: jogos pagos, compras dentro do aplicativo e anúncios. Você poderia pensar que os jogos pagos são os mais lucrativos, mas a realidade é bem diferente.
De acordo com números citados pela Statista, a receita dos jogos pagos foi de US$1,25 bilhão em 2022, comparada a incríveis US$145 bilhões provenientes de compras dentro dos jogos. A receita publicitária dos jogos foi de US$78,8 bilhões.
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Tipos de Microtransações
Ainda não sabe como identificar microtransações? Pode ajudar conhecer os diferentes tipos. Aqui estão os mais comuns:
- Itens dentro do jogo. Itens virtuais podem ser armas, veículos, armaduras ou qualquer outra coisa que você possa “usar” nos jogos. Alguns itens também podem ser puramente cosméticos. Por exemplo, microtransações em Diablo 4 são apenas para itens estéticos que personalizam a aparência.
- Expiração. Esse tipo de microtransação faz com que você gaste para continuar jogando. É semelhante à ideia dos fliperamas, que têm tempo limite. Se você não continuar gastando, não poderá continuar jogando.
- Jogo completo. Você pode obter uma versão gratuita do jogo como amostra, mas precisará pagar para acessar o jogo completo ou conteúdos adicionais.
- Dinheiro/moedas dentro do jogo. A moeda virtual nos jogos está se tornando cada vez mais popular. Por exemplo, Fortnite usa V-Bucks e VALORANT usa VALORANT Points. Pesquisas mostram que moedas virtuais podem fazer os jogadores gastarem mais do que gastariam com dinheiro real.
- Pacotes de chance aleatória. Também conhecidos como “loot boxes”, “caixas” ou “pacotes”, essas microtransações são projetadas para incentivar o comportamento de aposta. Você pode acabar ganhando algo valioso ou nada de útil.
O tipo de microtransação coincide com o tipo de jogo móvel que você joga. Seja Candy Crush Saga, Clash of Clans ou Star Wars Battlefront II, não caia na armadilha das microtransações.
Por Que as Microtransações São Tão Controversas?
O modelo de negócios das microtransações é controverso — e com razão. Pesquisas revisadas por pares em 2022 mostraram que as microtransações desempenham um papel importante nos transtornos relacionados a jogos e apostas. Os jogos são psicologicamente projetados para fazer você gastar o máximo de dinheiro possível.
Os psicólogos não deveriam ajudar pessoas com vícios em vez de explorá-las? As empresas de jogos não pensam assim. Apesar dos danos que causam às pessoas ao criar produtos intencionalmente viciantes, poucas delas questionam a ética por trás disso. Mas como elas conseguem fisgá-lo?
Jogos gratuitos usam a palavra “gratuito” para fisgá-lo nas microtransações dos videogames. Depois de seduzi-lo com a ideia de que você está recebendo algo de graça, elas o incentivam a gastar dinheiro real para melhorar sua experiência no jogo. Em comparação com a diversão proporcionada quando você investe dinheiro no jogo, a versão “gratuita” parece sem graça.
Por que simplesmente não parar de jogar? Bem, quando você percebe que o jogo não é realmente gratuito, você já está profundamente investido nele. Neste ponto, é mais fácil justificar gastar alguns reais do que se afastar abruptamente. Por mais astuto e enganoso que seja esse modelo de negócios, certamente não é burro — e, sim, é 100% intencional.
Gatilho, Hábito, Hobby
Desenvolvedores de jogos se inspiram no Modelo Hooked, delineado por Nir Eyal em seu livro Hooked. O modelo foi inicialmente desenvolvido para desvendar a natureza viciante dos produtos digitais. Hoje, as empresas o utilizam para criar produtos viciantes, guiando você por uma progressão de estágios — Gatilho, Hábito e Hobby.
O estágio Gatilho é a primeira compra ou o “quebra-gelo”. Ele quebra aquela barreira mental que diz: “Eu nunca gastarei dinheiro em um jogo”. Uma vez que essa barreira é quebrada, os jogadores se sentem mais investidos — afinal, ninguém quer pagar por algo que não vai usar. E quanto mais tempo você passa no jogo, mais oportunidades as empresas têm para vender para você.
O estágio Hábito se concentra no estabelecimento de comportamentos repetitivos. Na psicologia, a formação de hábitos desempenha um papel significativo no vício. A indústria do entretenimento sabe disso. Eles aplicam pesquisas sobre vícios para mantê-lo preso aos seus produtos.
Depois de fisgá-lo e solidificar seus hábitos, entra em cena o estágio Hobby. Esse estágio marca um nível mais profundo de envolvimento, onde jogadores ocasionais se tornam verdadeiros entusiastas. Os jogadores investem voluntariamente mais tempo, esforço e recursos no jogo. Os editores de jogos conseguem isso criando conteúdos envolventes e missões desafiadoras que o absorvem completamente.
A Psicologia por Trás do Design dos Jogos
As empresas de jogos usam estratégias psicológicas para incentivar você a continuar gastando enquanto joga. “Retenção e monetização” é um mantra para elas, e não faltam maneiras de fazer você abrir a carteira. Elas se referem aos grandes gastadores como “baleias” — grandes capturas.
A apresentação de Torulf Jernstrom, “Let’s go whaling”, detalha como as empresas perfilam você com base no seu tipo Bartle. Essas categorias refletem hábitos reais dos jogadores e ajudam os desenvolvedores a projetar estratégias de vendas para ativar reações de todos os tipos de jogadores.
Aqui está um resumo dos tipos Bartle:
- Socializadores. Cerca de 80% dos jogadores se enquadram nesta categoria. Socializadores adoram interagir com outras pessoas e ficam satisfeitos em colaborar em equipes para atingir objetivos. Enquanto estiverem socializando, eles estão felizes.
- Conquistadores. Esses jogadores sentem prazer em exibir seu status de vencedores para amigos e outros jogadores. Cerca de 10% dos jogadores pertencem a essa categoria, e você os reconhecerá facilmente. Eles não têm vergonha de compartilhar suas conquistas.
- Exploradores. Jogadores exploradores também representam cerca de 10% de todos os jogadores. Eles gostam de descobrir novos conteúdos. Mais do que vencer ou marcar pontos, eles apreciam surpresa e novidade. Esse tipo de jogador vai até os limites do jogo em busca de passagens secretas.
- Assassinos. Esses jogadores representam menos de 1% do total. Em muitos aspectos, eles são semelhantes aos Conquistadores, mas com uma diferença importante: eles gostam de ver os outros perderem. Esse pequeno grupo só fica verdadeiramente satisfeito quando está ganhando e todos os outros estão perdendo.
“Vamos Deixar a Moralidade de Lado”
Durante sua apresentação “Let’s Go Whaling”, Torulf Jernstrom instrui as empresas de jogos sobre como explorar cada tipo Bartle para obter o máximo lucro. Eles vendem conveniência para os Conquistadores, permitindo desbloquear elementos especiais. Personalização ou oportunidades para interagir mais com outros jogadores fisgam os Socializadores. Por fim, eles oferecem conteúdo extra para Exploradores e vantagens competitivas para Assassinos.
Cada estratégia corresponde a um tipo Bartle, e as compras dentro do aplicativo são embaladas para serem irresistíveis. As vendas aparecem como “grandes descontos” — o truque mais antigo do mundo.
Jernstrom afirma abertamente: “É assim que você faz com que eles gastem muito.” Então, quando você pensa que está fazendo um ótimo negócio em Valorant ou Grand Theft Auto, lembre-se de que isso é exatamente o que os bastidores querem que você acredite.
Quando Jernstrom diz “Vamos deixar a moralidade de lado nessa conversa”, a plateia de empreendedores do setor de jogos cai na gargalhada. Esse vislumbre revelador dos bastidores demonstra como eles enxergam jogadores como você — apenas peixes e baleias.
A Sombria Realidade do Vício em Jogos
É fácil entender por que projetar jogos para fazer as pessoas agirem impulsivamente é perigoso. Enquanto a maioria das pessoas consegue manter seus hábitos de jogo sob controle, outras são mais suscetíveis e vulneráveis a gastar tudo o que têm. O mais triste é como os jogos são projetados para explorar justamente esse tipo de pessoa.
Adolescente Leva Família à Falência
Recentemente, o South China Morning Post relatou que uma menina de 13 anos levou sua família à falência. Ela ficou viciada em jogos móveis e uma microtransação levou a outra, até que ela gastou todas as economias de seus pais.
Devastados e falidos, os pais da menina tentaram desesperadamente solicitar reembolsos de todas as empresas de jogos em que sua filha gastou dinheiro. Até o momento do relato, eles não haviam recebido nenhum reembolso.
Pais Também Estão em Risco
Aprender a controlar seus impulsos é uma das partes mais importantes da vida adulta. É algo que as crianças não conseguem fazer tão bem. Infelizmente, a indústria de jogos mira jogadores com menos controle de impulsos, o que muitas vezes significa crianças. Se tiverem a chance, elas podem gastar dinheiro dos pais sem perceber totalmente o peso das consequências.
Mantenha a Família Segura Online
É perturbador saber o quanto os editores de jogos investem em técnicas sofisticadas para explorar os jogadores. De certa forma, as microtransações são o truque definitivo. Embora individualmente pareçam insignificantes, o impacto cumulativo pode ser chocante. E certamente não é insignificante para as empresas de jogos, que faturam bilhões todos os anos com microtransações.
A única maneira de equilibrar o jogo é educar você e sua família sobre como os jogos para PC são projetados para explorar o jogador. Não se surpreenda ao perceber que algumas partes dos jogos freemium estão fora do seu alcance. Não há problema em gastar com seus hobbies, mas talvez seja uma boa ideia pensar duas vezes antes de agir impulsivamente.
Você realmente precisa gastar com todas as últimas melhorias cosméticas e conteúdos para download? Provavelmente não.
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FAQ
Microtransações são pequenas transações financeiras feitas online ou dentro de aplicativos. A maioria dos jogos móveis e aplicativos utiliza microtransações para gerar receita, e elas se tornaram uma das principais fontes de lucro para desenvolvedores de jogos e aplicativos.
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Microtransações em jogos geralmente funcionam ao fisgá-lo no jogo antes de solicitar pagamentos para continuar jogando. Alguns jogos permitem que você jogue por um tempo limitado, enquanto outros podem restringir o acesso a conteúdos premium.
Os diferentes tipos de microtransações incluem:
1. Itens dentro do jogo. Itens virtuais, sejam eles utilitários ou puramente cosméticos.
2. Microtransações de expiração. Pagamentos para estender seu tempo de jogo.
3. Acesso total ao jogo. Jogos gratuitos que exigem pagamentos para acesso total ou conteúdos adicionais.
4. Dinheiro/moedas dentro do jogo. Essas moedas virtuais são usadas nos jogos, como V-Bucks em Fortnite ou VALORANT Points.
5. Pacotes de chance aleatória (Loot Boxes). Essas microtransações oferecem uma aposta, onde você pode ganhar recompensas valiosas ou itens, mas também pode não conseguir o que deseja.
Microtransações não são necessariamente boas ou ruins — mas são controversas. Críticos frequentemente condenam seu uso, afirmando que elas são projetadas para fazer você gastar o máximo possível, sem se preocupar com o valor total gasto.
– Itens dentro do jogo, como armas, skins e suprimentos
– Moedas virtuais, como VALORANT Points ou V-Bucks.
– Compras para acessar conteúdos extras ou estender o tempo limitado.
Usar uma VPN para jogos oferece inúmeros benefícios. Ela proporciona liberdade para contornar restrições geográficas e jogar de qualquer lugar. Também mantém você protegido contra ataques DDoS enquanto joga. A CyberGhost VPN oferece servidores otimizados para jogos, permitindo que você acesse seus jogos favoritos com segurança, de qualquer lugar.
Microtransações aparecem com mais frequência em jogos “gratuitos para jogar” (free-to-play). Mas, claro, o truque é que eles não são realmente “gratuitos” se você acabar gastando grandes quantias de dinheiro — mesmo que sejam em pequenos pagamentos.
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